quinta-feira, 28 de junho de 2007

Abuso da Democracia

Depois de assistir à campanha feita na Assembleia da República contra o governo, nomeadamente contra o Primeiro Ministro, e escutar os comentários políticos feitos por homens pardacentos na SIC notícias, torna-se evidente que o Partido Socialista não tem oposição política credível. Em vez de debate político centrado em temas de interesse nacional, assiste-se cada vez mais a ataques mais ou menos pessoais, insultuosos e medíocres.

A Assembleia da República perdeu irremediavelmente credibilidade e as pessoas têm razões suficientes para não acreditar nos deputados e nos políticos de oposição. A sua única preocupação gira em torno dos seus próprios interesses materiais e metabólicos: o bem comum no sentido de Arendt ou de Aristóteles está fora da agenda política. A política tornou-se uma arena de retórica mentirosa e de lutas por empregos.

Neste clima de ausência de debate genuinamente político, a democracia perde a sua razão de ser, tornando-se um mero meio para atingir privilégios pessoais. Os políticos metabólica e intelectualmente reduzidos seguem o exemplo dos comunistas e abusam da democracia e da sua retórica para destruir a democracia. Neste acto perdem a face e revelam-se como criaturas sem qualidades que buscam a qualquer preço um lugar que lhes garanta privilégios que não merecem, dada a sua mediocridade constitucional.

E os jornalistas descrentes nas suas próprias capacidades de sobrevivência, dado carecem de conhecimentos e de competências, envenenam ou procuram envenenar a opinião pública, em vez da informar com objectividade. Criam discursos mentirosos, provavelmente sem terem consciência do carácter fictício das construções falsas que inventam, dada a sua inteligência reduzida e o seu medo de ficarem sem emprego.

O português reduz o pensamento à preocupação consigo mesmo, sem ser sensível aos problemas dos outros e ao bem comum. A consequência é a evaporização da democracia genuína. A crítica e a busca cooperativa da verdade e de consensos não fazem parte do vocabulário destes luso-burricos, socializados na burrico-socialização oferecida pelos estabelecimentos de ensino nacional.

O uso da democracia para alcançar emprego é abuso da democracia como sistema que procura garantir uma vida sem angustia para todos os cidadãos que nasçam no seu seio.
J Francisco Saraiva de Sousa

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Democracia Online

Encaro a Internet como um imenso fórum de troca de ideias e de elaboração de propostas interessantes produzidas espontaneamente pelos cidadãos comuns. Embora muitos blogues exibam padrões pouco adequados, mais centrados em questões pessoais do que em questões de interesse comum, muitos exibem efectivamente elevada qualidade e seriedade.
A Internet não deve ser vista apenas como um meio de lançar informação política de modo barato e sem o recurso à classe falsificadora de jornalistas incompetentes, que intoxicam mais do que informam os cidadãos, mas também como uma fonte de novas ideias que devem ser escutadas pelos políticos que pretendem servir efectivamente a causa pública.
Ela é um barómetro não mediado daquilo que os seus utentes pensam da acção dos seus governantes, bem como daquilo que gostariam que estes realizassem. Apesar do seu lado escuro, a Internet é um espaço de debate livre dos constrangimentos institucionais que cerceiam a troca e a partilha de ideias, de resto um passo significativo na direcção de uma democracia mais participativa e mais amiga da cidadania. Pelo menos, garante a liberdade de expressão daqueles que estão afastados do poder e da sua corrupção.
J Francisco Saraiva de Sousa